Katia Wille
“Quero que a obra se expanda para além do espaço, de diversas formas, e penetre o corpo como um todo: pelos olhos, pelos ouvidos, pelos poros, e que, com potência, mas de mansinho, nos invada por inteiro.” - Katia Wille
Katia Wille (n.1971, Brasil) é artista visual e pesquisadora. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde mantém seu atelier. Seu trabalho inclui pinturas, objetos, instalações vestíveis e cognitivas.
Em seu percurso nos campos das artes visuais, moda e design, Katia cria imagens de forma convulsionada, trabalhando as tensões entre presença e ausência como temas centrais em sua pesquisa. O corpo, sempre em movimento, aparece e desaparece incessantemente ao olhar, formando polutropias que esgarçam a forma e as cores ao seu limite, uma cena que convida o espectador a tornar-se parte da obra. É neste cenário que a artista navega, para fazer emergir uma coesão de corpos, pinceladas e formas que são, ao mesmo tempo, leves, complexas e coloridas. A metáfora, sempre incompleta, que é o feminino e a exuberância que nos encanta o olhar vela e revela no furta-cor, nos pedaços de corpos e nas sobreposições de camadas em cores, a estranheza que pode nos acometer todas as vezes que nos perguntamos sobre nossa posição no mundo.
Diários de Processo
“Quando algo me toca fundo, sinto uma luz se acender por dentro. Paradoxalmente, é uma euforia que vem da parte mais silenciosa de mim, empurrando a mão a desenhar, a escrever. Faço isso nesses cadernos. Gosto de folhear e ver que eles contêm uma arqueologia do que vem sendo criado. É como se vocês pudessem ver ali o borbulhar da minha cabeça.” - Katia Wille
Desde muito cedo, Katia Wille estabeleceu uma relação orgânica entre pensamento e imagem. Seus cadernos de artista são densos, múltiplos, e ganharam diferentes formatos e ritmos ao longo dos anos. Eles funcionam como espaços vivos de elaboração poética e conceitual. Mais do que esboços ou registros de bastidor, são corpos por onde a obra passa antes de nascer, campos de condensação onde o sensível e o intelectual se entrelaçam em estado de fermentação.
O gesto de desenhar, para a artista, se faz com todo o corpo e funciona como um ato inaugural de suas obras. Cada página reúne fragmentos do mundo interno e do entorno: pensamentos, desenhos, citações de sua pesquisa, colagens, paletas Pantone, plantas e figuras humanas — tudo emerge como uma trama de sustentação feita à mão. Há uma arqueologia íntima que se estabelece nesse acúmulo, onde os registros de exposições, os estudos da forma e da cor se entrelaçam com a observação do cotidiano e o exercício constante da escuta de si.

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